Tag: Belo Monte

Os 11 do Xingu – Ato contra a criminalização da luta contra Belo Monte. Não passarão!

Durante a realização do evento, a polícia civil do Pará solicitou à Justiça a prisão preventiva de 11 pessoas acusadas de participar dos protestos. Entre os acusados no inquérito estão integrantes e assessores do Movimento Xingu Vivo para Sempre, um padre que rezou uma missa e abençoou o encontro, uma freira, um pescador que  teve sua casa destruída pelo Consórcio poucos dias antes, missionários indigenistas e um documentarista de São Paulo. Sem provas, a concessionária responsável pela usina (CCBM) acusa essas pessoas de roubo, formação de quadrilha e perturbação, entre outros crimes.

Movimento Xingu Vivo para Sempre (http://www.xinguvivo.org.br/2012/06/26/policia-pediu-prisao-preventiva-de-ativistas-contra-belo-monte/).

 Toda ação deles terá uma reação nossa. A perseguição aos ativistas que lutam contra a construção da usina de Belo Monte leva a uma série de reflexões sobre o que está, de fato, ocorrendo em Altamira, oeste do Pará. O resultado da resistência dos grupos que apoiam a luta pelo Xingu Vivo trouxe à tona a violência e perseguição do Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM), da Norte Energia e da polícia do estado, que decretou a prisão preventiva de onze pessoas ligadas à luta em prol do Xingu.

De 13 a 17 de junho, cerca de 300 pessoas se reuniram no encontro Xingu+23 na comunidade de Santo Antonio, 50km de Altamira – Pará. Um dos objetivos foi reviver um marco da resistência dos povos da Amazônia que, há 23 anos, impediu a construção da usina. Além disso, havia um grito entalado na garganta de todos ali, um grito de que a Rio+20 não lhes representava – nem a nós! O Xingu+23 buscou formas e estratégias de lutar contra Belo Monte, dando visibilidade aos atingidos pela obra – ribeirinhos, indígenas, pescadores, quilombolas e outros –, em contraste com o cinismo do governo brasileiro.

O suposto desenvolvimento sustentável da Norte Energia, vendido através de investimentos massivos em mídia, nada traz do real e verdadeiro cenário da construção da hidrelétrica. Belo Monte é mais um sonho divulgado pela propaganda do estado que se transformou em pesadelo para os que vivem sua realidade. Desde o início das obras, a cidade de Altamira passou por uma explosão demográfica e, consequentemente, por especulação imobiliária, alta no preço dos alimentos, acidentes, aumento dos indíces de violência, com destaque para assassinatos e um assustador crescimento de 160% no índice de vítimas de estupro. Tudo já previsto, mas agravado pelo não cumprimento das condicionantes pelo consórcio construtor.

Um ato contra a repressão e em solidariedade às vítimas da aliança do estado brasileiro com o capital financeiro representado nas grandes construtoras – Odebrecht, Camargo Correa e Andrade Gutierrez – será realizado nesta quinta-feira, 5/7, em frente ao antigo prédio do DEOPS, hoje chamado Museu da Resistência, próximo à estação da Luz.

Mas por que uma ação de perseguidos políticos do Xingu no DEOPS? Porque são muitos os paralelos do nosso regime democrático com o período militar. Como se não bastasse tirar do papel uma obra arquitetada pelos militares, o governo “democrático” brasileiro também persegue os que se opõem aos seus planos. Hoje aqueles que outrora foram vítimas de perseguição política se transformaram em perseguidores. Pedem o encarceramento de lutadores que ousaram se colocar contra uma obra de R$ 30 bilhões que faz parte dos planos de crescimento a qualquer custo do Estado brasileiro. Em nome do “interesse nacional”, não hesitam em destruir o que quer que apareça no caminho. Nesta quinta-feira, vamos às ruas contra a repressão e perseguição política que extirpa nossa liberdade diante desse sistema falido.

Hoje, amanhã e sempre, Somos Todos Xingu!!

Serviço          

Quando: quinta, 05/07, às 17h30

Onde: concentração em frente ao parque da Luz, centro de São Paulo

O que: caminhada até o antigo prédio do DEOPS às 18h30.

Evento: https://www.facebook.com/events/261332067304631/

Para mais informações

xingu23sp@riseup.net

ocupasampa@riseup.net

 

 

The Xingu 11 – Protest against the criminilization of the struggle against Belo Monte. They shall not pass!

Não passarão!

They shall not pass!

“During the event, the Pará Civil Police called for the preventive incarceration of 11 people accused of participating in the protests. Among the accused in the inquiry are members and organizers of Movimento Xingu Vivo para Sempre, a priest who spoke mass over and blessed the meeting, a nun, a fisherman who had his house destroyed a few days before by the Consortium, missionaries to the indigenous cause and one documentary-maker from São Paulo. Without proof, the group of companies responsible for the dam (CCBM) accuses these persons of robbery, gang formation and disturbing the peace, amongst other crimes.”

Movimento Xingu Vivo para Sempre (http://www.xinguvivo.org.br/2012/06/26/policia-pediu-prisao-preventiva-de-ativistas-contra-belo-monte/ ).

To each of their actions, we will react. The persecution of activists who struggle againts the construction of Belo Monte dam drives us to reflect about what, in fact, is happening in Altamira, west of Pará. The resistance of groups that support Xingu Vivo resulted in the bringing to light of the violence and persecution enacted by the Belo Monte Construction Consortium, Norte Energia and the state police, which ordered the preventative incarceration of eleven people connected to the struggle in Xingu.

From June 13-17, an average of 300 people held the Xingu+23 meeting in Santo Antonio community, 50 km from Altamira – Pará. One of the aims was to revive the spirit of resistance shown by the Amazon people, which 23 years ago, stopped the dam’s construction. Over and above this, a cry has formed in everyones throats. The cry is, “Rio+20 doesn’t represent us!”. The Xingu+23 meeting sought for ways and strategies to prevent Belo Monte from being built, as well as giving visibillity to the negatively affected comunities – local fishermen, indigenous peoples and others, in contrast to the cynicism of the brazilian government.

The so-called sustainable development of Norte Energia, sold through massive media investment, does not reflect the truth about the scenario of the dam’s construction. While Belo Monte is sold by the government advertising as a dream, it is a nightmare for those who have to live with the reality of it. Since the commencement of construction, Altamira underwent a population explosion and consequently suffered real state speculation, a rise in food prices, an increase in accidents and indicators of violence, highlighting murder and a horrific 160% increase in the number of rape victims. While these problems had already been predicted, they were aggavated by the fact that the consortium failed to adhere to the conditions of construction.

A protest against the repression and in solidarity with the victims of the aliance between the brazilian government and private enterprise, represented by major construction corporations – Odebrecht, Camargo Correa e Andrade Gutierrez, will take place this Thursday, June 5th, in front of the former DEOPS building, now called Museu da Resistência, next to Luz station.

Why protest in front of DEOPS in solidarity with the victims of political persecution in Xingu? Because our current democracy is exhibiting similar patterns to the past military period. As if it’s not bad enough that the government is reviving a plan conceived under the military period, this “democratic” government also persecutes those who oppose their plans. Those who were persecuted in the past, are now persecuting. They are calling for the incarceration of activists who dare to protest against the R$30 billion project. This is part of the brazilian government’s plans for economic growth, at any cost. In the name of “national interest”, they will destroy anything that stands in their way. This Thursday, take to the streets against the repression and political persecution that strips us of our freedom in this broken system.

Hoje, amanhã e sempre, Somos Todos Xingu!!

Today, tomorrow and always, We are All Xingu!!

Press Office When:
Thursday, June 5th, at 17:30 (SP-BR)
Where: meet at Luz Park, downtown Sao Paulo
What: walk to the former DEOPS building at 18:30 (SP-BR)

Event: https://www.facebook.com/events/261332067304631/

Contact information
ocupasampa@riseup.net

Los 11 del Xingu. Acto contra la criminalización de la lucha contra la construcción de la usina de Belo Monte. No pasarán!

Mientras la realización del evento, la policia civil de Pará ha enviado a la justicia una solicitud de prisión preventiva de 11 personas acusadas de participar de protestos. Entre los acusados se encuentran integrantes y asesores del movimiento Xingu Vivo pra Sempre (Xingu vivo para siempre), y un sacerdote, una monja, un pescador campesino que tuvo su casa destrozada por el liderazgo represalio, un misionero indio y un guionista de documentales de São Paulo. Sin haber probas, la empresa responsable por la construcción de la usina acusa los manifestantes de robo, formación de bandas, perturbaciones y otros crímenes.

Movimento Xingu Vivo para Sempre (http://www.xinguvivo.org.br/2012/06/26/policia-pediu-prisao-preventiva-de-ativistas-contra-belo-monte/).

Todas las acciones de represalia de ellos tendrá una acción nuestra. La persecución a los activistas que luchan contra la construcción de la usina en Belo Monte conlleva hacia una serie de reflexiones sobre lo que está ocurriendo en Altamira, Oeste de Pará. El resultado de la resistencia de los grupos que apoyan la lucha a favor de Xingu Vivo nos enseña la absoluta realidad de violencia y persecución del Consorcio Constructor de Belo Monte (CCBM) de Norte Energía y de la policía del Estado, que ha detectado la prisión preventiva de 11 personas implicadas a favor de Xingu.

De 13 a 17 de junio, sobre 300 personas se han reunido en el encuentro Xingu+23 en la comunidad de Santo Antonio, 50 km de Altamira, Pará. Uno de los objetivos fue poner de relieve la resistencia de las poblaciones de Amazonia que, hace 23 años, ha impedido la construcción de la Usina. La idea, además, fue hacer una crítica al congreso Rio+20, que no representa las ideas de parte de las poblaciones implicadas, y sociedad brasileña. Xingu+23 ha buscado formas estratégicas de luchar contra la construcción en Belo Monte, haciendo visible las voluntades y deseos de las poblaciones de los ríos, indígenas, pescadores, y otros.

El discurso de desarrollo sostenible de Norte Energia, que es vendido por medio de las inversiones en los medios de comunicación, no representa para nada el real sentido del escenario de la construcción de la hidroeléctrica. La usina es mas bien un sueño difundido por la publicidad del Estado que se ha vuelto pesadillas para los que incorporan esta realidad. Desde el principio de las obras la ciudad de Altamira se ha sometido bajo una explosión demográfica y, consecuentemente, por especulación inmobiliaria. Precios altos de los alimentos, crecimiento de los índices de violencia con destaque para asesinato y un asustador crecimiento de 160% de las mujeres víctimas de violaciones.  Todo ya previsto, pero reforzado por el no cumplimiento de las condiciones por el consorcio constructor.

Un acto contra la represalia y en solidaridad a las víctimas de la alianza  del estado brasileño con el capital financiero representado en las grandes constructoras, como Oderbrecht, Camargo Correa y Andrade Gutierrez será puesto en marcha el próximo 5 de julio en el antiguo edificio DEOPS, en el actual Museu da Resistencia, en São Paulo.

El motivo de haber elegido el edificio de DEOPS es por que son muchos los paralelos del nuestro régimen democrático con el periodo militar. El gobierno brasileiro sigue persiguiendo los que se oponen sus planes. Con un discurso de ¨interese nacional¨ violan derechos humanos y leyes de protección ambiental. Por eso el jueves nos vamos a luchar contra la represalia y persecución de la política que quiere encancerar nuestra libertad. Hoy, mañana y siempre, somos todos Xingu.

Para más informaciones:

Cuándo: Jueves,  05 de julio  a las 17h30

Dónde: Concentración en el Parque da Luz – centro de São Paulo, y caminada hacia edificio DEOPS a las 18:30

Evento: https://www.facebook.com/events/261332067304631/

Contacto: ocupasampa@riseup.net

 

Il 'Xingu 11' – Protesta contro la criminalizzazione della lotta contro Belo Monte. Non passeranno!

Il ‘Xingu 11’ – Protesta contro la criminalizzazione della lotta contro Belo Monte. Non passeranno!

Não passarão!

Non passeranno!

“Durante l’evento, la Polizia Civile del Pará, una regione al nord del Brasile, ha chiesto la carcerazione preventiva di 11 persone accusate di partecipare alle proteste contro la costruzione della diga di Bello Monte. Tra gli imputati nell’inchiesta ci sono membri e organizzatori del Movimento Xingu Vivo para Sempre, un prete che pregava la messa, una suora, un pescatore che ha avuto la sua casa distrutta dal Consorzio pochi giorni prima, i missionari della causa indigena e un documentarista di São Paulo. Senza prove, il gruppo di società responsabili della diga (CCBM) accusa queste persone di rapina, formazione di banda e disturbo della pace, tranne altri crimini. ”

Movimento Xingu Vivo para Sempre  (http://www.xinguvivo.org.br/2012/06/26/policia-pediu-prisao-preventiva-de-ativistas-contra-belo-monte/)

Ad ogni azioni loro, reagiremo. La persecuzione degli attivisti che lottano contro la costruzione della diga di Belo Monte ci spinge a riflettere su ciò che, in realtà, sta accadendo in Altamira, paesino ad ovest del Pará. La resistenza dei gruppi che sostengono Xingu Vivo ha provocato l’apertura alla luce della violenza e delle persecuzioni emanate dal consorzio di costruzione di Monte Belo, Norte Energia e della Polizia di Stato, che ha ordinato l’incarcerazione preventiva di undici persone collegate alla lotta nel Xingu.

Dal 13 al 17 Giugno, una media di 300 persone hanno partecipato alla riunione Xingu+23 nella comunità di Santo Antonio, a 50 chilometri d’Altamira. Uno degli obiettivi era quello di ravvivare lo spirito di resistenza dimostrata dal popolo della Amazonia, che 23 anni fa, fermò la costruzione della diga. Oltre a questo, un grido si è formato in gola. Il grido è: “La Rio+20 non ci rappresenta”. L’incontro Xingu+23 ha cercato di modi e strategie per prevenire Belo Monte dalla fase di costruzione, oltre a dare visibilità per le comunità locali pregiudicate – pescatori, popolazioni indigene e altri – , in contrasto con il cinismo del governo brasiliano.

Il cosiddetto sviluppo sostenibile del Norte Energia, ‘vendute’ attraverso massicci investimenti nei media di massa, non riflette la verità sul scenario della costruzione della diga. Mentre Belo Monte è descritto dalla pubblicità del Governo come un sogno, è in realtà un incubo per chi deve convivere con la sua realtà. Dal momento dell’inizio della costruzione, Altamira ha avuto subito una esplosione demografica (da 95 mille abitanti a 195 mille) e di conseguenza ha visto la speculazione vera e propria dello Stato, un aumento dei prezzi alimentari, un incremento degli incidenti e degli indicatori della violenza, mettendo in evidenza l’omicidio, ed un aumento terribile di 160% nel numero di vittime di stupro. Mentre questi problemi erano già stati previsti, sono stati peggiorati dal fatto che il consorzio non ha rispettato le condizioni di costruzione.

Una protesta contro la repressione e in solidarietà con le vittime del alleanza tra il governo brasiliano e le aziende private, rappresentate da società di costruzione importanti – Odebrecht, Camargo Correa e Andrade Gutierrez -, si svolgerà questo Giovedi, 5 giugno, di fronte all’edificio del ex-DEOPS (Departamento Estadual de Ordem Política e Social), centro di indagine e tortura della polizia di stato durante la dittatura militare in Brasile, ora chiamato Museu da Resistencia, vicino alla stazione Luz, a São Paulo.

Perché la protesta davanti al DEOPS in solidarietà con le vittime di persecuzione politica nel Xingu? Perché la nostra democrazia attuale espone modelli simili al periodo passato militare. Cioè, come se non è già abbastanza grave che il governo brasiliano sta facendo rinascere un piano concepito sotto il periodo militare, questo governo detto “democratico” persegue anche chi si oppone ai suoi piani. Coloro che sono stati perseguitati in passato, sono ora i persecutori. Essi chiedono l’incarcerazione degli attivisti che osano protestare contro un progetto di R$ 30 miliardi (circa 13 miliardi di euro). Questo fa parte dei piani del governo brasiliano per la crescita economica, ad ogni costo. In nome del “interesse nazionale”, che distrugge qualunque cosa che si trova sulla loro strada. Questo Giovedi, scendete in piazza contro la persecuzione e la repressione politica che ci spoglia della nostra libertà in questo sistema danneggiato.

Hoje, amanhã e Semper, Somos Todos Xingu!

Oggi, domani e sempre, siamo tutti Xingu!

Quando:
Giovedi, 5 giugno alle ore 17:30 (SP-BR)
Dove: riunione al parco Luz, centro di São Paulo
Che cosa: raggiungere a piedi l’edificio ex-DEOPS alle 18:30 (SP-BR)

Evento: https://www.facebook.com/events/261332067304631/

Informazioni di contatto
ocupasampa@riseup.net
Luiza Damigo / ufficio stampa +55 (11) 8504 4145

PERSEGUIÇÃO POLÍTICA NO XINGU

Integrantes do Movimento Xingu Vivo Para Sempre de Altamira, Pará, e outros individuos que participaram do Xingu + 23, evento que ocorreu no mesmo local e que luta contra a construção da usina de Belo Monte, sofrem perseguição Política. 11 pessoas foram acusadas de participar dos protesto contra a Hidrelétrica de Belo Monte. Entre os acusados, um Padre que rezou a missa e abençou o encontro, uma freira, um pescador que teve sua casa destruida pelo Consórcio Construtor, missionários indigenistas e um documentarista de São Paulo.
http://www.xinguvivo.org.br/2012/06/26/policia-pediu-prisao-preventiva-de-ativistas-contra-belo-monte/

por favor, repassem. compartilhem! é muito importante.

 


Polícia pediu prisão preventiva de ativistas contra Belo Monte
Sem provas, concessionária responsável pela usina acusa 11 pessoas de roubo, formação de quadrilha e perturbação, entre outros crimes. Pedido de prisão ainda não foi aceito
Publicado em 26 de junho de 2012

A polícia civil do Pará pediu à Justiça a prisão preventiva de 11 pessoas acusadas de participar dos protestos contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte entre os dias 13 e 17 de junho, durante a realização do evento Xingu +23 na Vila de Santo Antônio, a 50km de Altamira, oeste do Pará. A representação pela prisão preventiva aguarda o parecer do Ministério Público Estadual (MPE).

Entre os acusados no inquérito estão integrantes e assessores do Movimento Xingu Vivo para Sempre, um padre que rezou uma missa e abençoou o encontro, uma freira, um pescador que teve sua casa destruída pelo Consórcio poucos dias antes, missionários indigenistas e um documentarista de São Paulo.

A polícia acusa essas pessoas de terem planejado uma ação no escritório do Consórcio Norte Energia, “apesar de não existir nos autos uma única imagem comprovando isso”, diz Marco Apolo Leão, advogado e presidente da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, que atua na defesa dos militantes. Também há acusações de danos, roubo, incêndio, desobediência, esbulho possessório, perturbação da ordem pública e formação de quadrilha.

Diante das ameaças de prisão da polícia divulgadas na imprensa, advogados do movimento entraram com um pedido de habeas corpus preventivo para garantir a liberdade dos perseguidos. Protocolado pela defesa na sexta-feira, 22, o pedido de Hábeas Corpus recebeu parecer favorável do Ministério Público, mas foi negado pela justiça na segunda-feira, 25. “Vamos recorrer dessa decisão e manter a posição de que ninguém falará na polícia, pois não conseguimos ter acesso a todas as peças do inquérito”, afirma o advogado. O depoimento de oito dos 11 acusados está marcado para quarta-feira, 27, em Altamira.

DEFESA
Além da dificuldade de acessar todas as peças do processo, a defesa dos integrantes do movimento Xingu Vivo alega que as investigações sobre o caso carecem de legitimidade e imparcialidade, já que as polícias civil e militar, em Altamira, são, em grande parte, “patrocinadas e financiadas pelas próprias empresas que constroem Belo Monte”, por conta de um termo de cooperação assinado com o governo estadual.

A defesa também diz que este é mais um caso de criminalização das lideranças de movimentos sociais e, por isso, uma grande rede de solidariedade e manifestações está sendo construída para apoiar os integrantes do movimento Xingu Vivo e as outras pessoas vítimas das acusações do Consórcio Norte Energia e da polícia. Uma nota de apoio aos militantes já conta com assinatura de 146 instituições da sociedade civil de todo o Brasil, entre eles a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH).

Ainda esta semana, a frente jurídica do movimento irá encaminhar um informe denunciando a criminalização dos ativistas para a ONU e a OEA.

Political persecution in Xingu

June, 28th 2012

Police Arrests 11 Activists Operating on Rainforest Fronts in Brazil

11 activists standing in solidarity with indigenous people against the Belo Monte dam project in the Brazilian Amazon were arrested after company overseeing the construction pressed charges against them on counts of theft, conspiracy, disturbance and other crimes.

The civil police of the state of Para, Brazil asked the Court of Justice to arrest 11 activists accused of participating in protests against the construction of Belo Monte dam during the event “Xingu +23”, taking place in the region. Law enforcement is waiting for a report from the juridical instances to pursue further action.

Among the defendants in the investigation are advisers and members of the Movimento Xingu Vivo Para Sempre (Xingu: Alive Forever), a priest who celebrated a public mass for the protest, a nun, a fisherman who had his house destroyed by the consortium, a documentary filmmaker of São Paulo and indigenista missionaries.

The police accuse them of having planned a direct action at the offices of Norte Energia consortium, responsible for the construction of Belo Monte dam, enumerating allegations of arson, trespassing, theft, public nuisance, disobedience, property damage and conspiracy. All despite not having a “(…) single image in file to prove that”, says Marco Apolo Leão, lawyer and president of the human rights legal society defending the activists.

Lawyers of the movement, facing threats of arrest by the police, filed for a preventive habeas corpus to ensure freedom of the persecuted. Filed by the defence on Friday, June 22, the habeas corpus application was approved by the prosecutors but denied by the court on Monday, June 25th. The decision will be appealed; the defence maintains that no one will testify at the police because they do not have access to all parts of the investigation. The testimony of eight of the 11 defendants was scheduled for Wednesday, June 27th.

Defence

Not only is the defence been denied full access to all documentation of the process, but the

Xingu Vivo movement argue that the investigations lack legitimacy and impartiality as the civil and military police in Altamira are largely sponsored and financed by the Belo Monte consortium. An official cooperation agreement was signed between the state government and corporations who are responsible for executing this project.

The defence also say that this is yet another case of criminalization of social movements, happening everywhere in the world. A large network of solidarity and demonstrations are building up around this confrontation between the corporate consortium, the police and the state. A note of support for militants has already been signed by over 150 civil society institutions throughout Brazil, including the Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) and the Movimento Nacional de Direitos Humanos (National Movement for Human Rights – MNDH).

Still this week, the legal team of the movement will send a report to the UN and the OAS denouncing the criminalization of activists.

For further information:

Xingu Alive
Verena Glass / press officer +55 (11) 9853 9950
Ruy / press officer +55 (93) 9173.8389

http://xingu23sp.noblogs.org/post/2012/06/28/political-persecution-in-xingu-2/

Ocupas+Xingu [em belém]


Aconteceu durante os dias 13 a 17 de junho o Xingu+23 – o Encontro dos Povos da Amazônia – que contou com a participação de comunidades indígenas e quilombolas, ribeirinhos e ativistas de diversos lugares do Brasil e do mundo. Muitas ideias, práticas e opiniões foram compartilhadas a respeito dos reflexos da Usina de Belo Monte na vida de todos, assim como estratégias foram discutidas a fim de parar a construção desta usina.
Um destes grupos era o dos guerreiros mundurukus, oriundos do rio Tapajós, que mesmo não sendo atingidos diretamente pela construção da Usina de Belo Monte, caminharam dois dias e uma noite para participar do encontro, se solidarizando com a causa que é comum a muitas comunidades indígenas, e demonstrando assim toda sua indignação para com a maneira como a natureza, especialmente os rios, têm sido ostensivamente mercantilizados. Enquanto isso seis hidrelétricas estão sendo planejadas no Rio Tapajós, o que talvez explique a intensidade de suas ações.
O que nós podemos aprender com isso? Tal demonstração de força nos leva a crer na necessidade de apoio mútuo – de uma mobilização maior; a ausência de diálogo, reflexo da infinidade de labirintos burocráticos que caracterizam nosso sistema de organização social desempoderando-nos, mina o poder de influência sobre as decisões políticas que afetam nossas vidas; a presença e ação dos Mundurukus, revela-nos a interdependência de uma luta que não é somente das comunidades afetadas, mas sim de todos nós – a Usina de Belo Monte e a Usina de Tapajós não são processos isolados, mas sim sintomas de uma política de desenvolvimento que nos mantém no papel de colonizados, exportando energia bruta; a urgência de tais ações nos tira do imobilismo e mostra a necessidade de atitudes mais contundentes. Belo Monte já é um problema real e Altamira é um reflexo disto.
Inspirados por toda esta força, ocupamos a praça da Trindade. Nós, membros dos Ocupas Belém, Sampa e São Luís, com muita indignação, retomamos o espaço público a fim de se contrapor não só à posição do Brasil na atual economia globalizada, mas também a própria lógica do capitalismo global. Entendemos que a prática de construção de barragens nos rios da Amazônia não é do interesse da população, mas sim das empreiteiras, dos políticos bancados por elas e dos grandes produtores de capital interessados na produção de energia barata, que desconsideram, ao contrário do que nos dizem, os custos socioambientais. Sabemos que é necessária a integração de esforços de todos para isso – saudamos e nos inspiramos pela iniciativa da Ocupa dos Povos, no Rio, que também busca ser um ponto de questionamento conjunto.

Quem se preocupa ocupa! Esta praça também é sua, estes rios são de todos nós. Venha compartilhar, construir, trocar experiências! Seja em praças, ruas e rios, ocupar é preciso! Do dia 19 ao dia 21, a Praça da Trindade é a Praça Xingu!

Xingu +23, 14.06: Um dia de depoimentos


Via MXVPS – Publicado em 14 de junho de 2012

Xingu +23, primeiro dia de trabalho. Logo cedo, os cerca de 200 acampados que haviam chegado no dia anterior foram despertados pelo som alto de uma sirene, vindo das bandas do canteiro de obras Belo Monte que se esparrama do outro lado da Transamazônica, em frente à Vila de Santo Antonio. Pouco depois, o estrondo das dinamites, e o chão tremeu. É assim todos os dias, contam os poucos moradores que ainda restam na antiga comunidade, praticamente deserta depois do despejo da maioria das famílias.

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Microboletim n.3 – Xingu+23 – Preparativos

Muita atividade por aqui. Ontem de tarde tomamos sorvete de bacuri, de castanha, de pavê de cupuaçu. De noite rolou um tacacá. A programação do Xingu+23 está fechada, vai ser publicada já já. Vamos agora fazer os últimos corres na cidade. Em seguida nos deslocaremos entre hoje e amanhã para a vila Santo Antônio, e estamos esperando por vocês. Venham pra Altamira, ou acompanhem com atenção daí as novidades do encontro que começa depois de amanhã.

***

PS.: A vaquinha do evento precisa de doações urgentes. As contas estão começando a cair (os ônibus já saindo, comida que precisa ser comprada ao menos pra amanhã, materiais pra imprimir neste momento, e isso só das tarefas em que estamos mais ou menos envolvidos) – e o orçamento disponível ainda não fecha por completo. Aqui todo mundo mata um leão por dia, faz malabarismos reduzindo gastos e criando coisas, trabalha pra carácoles e faz a coisa acontecer. Pequenas doações, cheias de compromisso e generosidade, estão ajudando a garantir os primeiros pagamentos. Você tem R$ 10 para contribuir? Tem mais? Conhece outras pessoas que podem ajudar? Essa é a ajuda mais crucial que você pode dar agora para frear a usina.

Boletim n.2 – Xingu+23 – Caronas e Altamira

Começa agora o segundo relato dos paulistas urbanoides se surpreendendo a cada carona com a grandeza amazônica.

Saímos de Belém anteontem, quinta dia 7, no primeiro horário do navio-motor Jarumã, em direção à cidade de Moju. Vamos contar da nossa viagem aquilo que achamos que vai instigar a curiosidade de vocês, além deixa-los bem informados sobre esse trajeto de Belém a Altamira, que é cheio de boas “lições de Amazônia” – e de carona na Amazônia. Abram aí o mapa pra acompanhar o trajeto (http://goo.gl/maps/G8y1), que é o mesmo do ônibus Belém-Altamira – fora este primeiro trecho que fizemos pelo rio.

Antes da saída, em Belém, vimos nossa conhecida empreiteira Andrade Gutierrez atuando na construção do BRT (Bus Rapid Transport), um sistema normal de corredores proposto pelo prefeito tranqueira Duciomar Costa, cuja implantação está causando transtornos na Avenida Júlio César, que leva do aeroporto ao centro, no Entroncamento, que é o coração viário da cidade, e na avenida Almirante Barroso, que junto com a Pedro Álvares Cabral – o milico e o colonizador – é o principal eixo entre o Entroncamento e o centro velho.

Precisa lembrar? Ao lado das outras gigantes construtoras brasileiras (os nomes em foco são Odebrecht e Camargo Corrêa, mas há uma dezena de outras pouco menores), a Andrade Gutierrez fez doações polpudas à campanha da Dilma e do Kassab – e ao Serra também, para sempre estar ao lado de quem vence -, e hoje ganha a concessão de muitas dessas grandes obras no Brasil e em outros países latino-americanos. Ela integra o consórcio que está construindo Belo Monte, tem interesse no projeto da Nova Luz e executa obras da Copa e das Olimpíadas.

Com o BRT de Belém acontece aquela velha história: licitação suspeita, orçamento idem, populações desapropriadas de maneira brusca, planejamento capenga causando mais transtornos do que seriam necessários. Em fevereiro, o Comitê Metropolitano do Xingu Vivo participou de um protesto organizado por entidades sindicais e outras organizações. Depois desse ato (que não foi tão grande), a indignação da cidade ficou silenciosa: hoje os jornais apenas noticiam e os moradores apenas reclamam dos incômodos das obras, mas o projeto segue.

Voltando a nossa jornada… acordamos cedo, arrumamos nossa mala pra carona e fomos ao Ver-o-Peso pegar o barco até Moju. Era necessário sair de Belém, porque ninguém dá carona nas rodovias das cidades grandes: o melhor é alcançar a primeira cidade logo depois da metrópole. A embarcação não saía do porto do Ver-o-Peso, mas sim de outro embarcadouro um pouco à frente, passando o Forte. O barco segue por uma hora pela baía do Guajará até um lugarzinho chamado Arapari, e de lá tem um transbordo já incluso na passagem, para mais uma horinha de ônibus até Moju.

Para chegar à cidade é preciso atravessar o rio Moju. Ele é um dos braços do estuário do rio Amazonas (o mapa explica). Quando virem a extensão de margem a margem, lembrem-se que, na bacia amazônica, isso deve ser apenas um rio de porte médio.

Em Moju fomos pra saída da cidade, na PA-457, de onde seguimos no rumo sul passando por Tailândia e Goianésia. Nesta última cidade, pegamos outra estrada pra oeste em direção a Breu Branco e, finalmente, Tucuruí. Esse era o destino final do primeiro dia. Daí pra frente é pegamos a Transamazônica.

Antes e depois de Goianésia dá pra ver muitas plantações de eucalipto, que parecem ser lotes de “reflorestamento” para “compensar” a extração de madeira “legal” na floresta. Durante toda a viagem, aliás, as estradas estão ladeadas de muito pouca mata, o que ajuda a entender uma das estratégias mais fortes do projeto de colonização da Amazônia que vigora desde o regime militar: a abertura de estradas, dentre as quais a Transamazônica teve papel marcante, não resulta apenas na criação de vias de acesso terrestre rápido a regiões que antes dependiam sobretudo das vias fluviais; ela também arrasta junto o povoamento das terras por grandes e médios agricultores de outros estados, o desmatamento voraz para a extração de madeira e a posterior abertura de pastagens e cultivos, e com isso a lenta mas constante e visível transformação da paisagem amazônica em arranjos que lembram muito a zona rural do sudeste e do centro-oeste.

Chegando a Tucuruí está a maior hidrelétrica do estado do Pará, talvez da região Norte. Ela foi construída durante os últimos anos do regime militar, e suas comportas foram fechadas em 1984. Vejam no mapa a enormidade do lago que se formou. Esse é o rio Tocantins, que também é afluente do Amazonas. Ao longo da PA-457, à direita de quem vem, corre o linhão de transmissão que leva a energia gerada em Tucuruí para a cidade de Belém.

Um das pessoas que nos deram carona entre Tailândia e Tucuruí contou que as cidades que estão na beira do Tocantins a jusante da barragem (ou seja, depois dela) foram muito gravemente afetadas pela diminuição da vazão do rio. Eram comunidades ribeirinhas que viviam do peixe, e que agora não conseguem mais pescar (além do fluxo de água, também houve alterações no trânsito dos peixes rio acima e abaixo). Nenhum programa de compensação ambiental ou social da Eletronorte, segundo eles, enfoca essas cidades. Portanto, vinte e cinco anos depois, elas ainda não conseguiram adaptar seus modos de vida para forjar outras alternativas de subsistência menos dependentes do rio. A fome é uma realidade presente ali, em pleno contexto amazônico.

Mas o pior de tudo foi ouvir que essas mesmas comunidades não tinham fornecimento de energia elétrica até uns dois anos atrás, quando o programa Luz para Todos chegou àquela região. Imaginem só: às barbas da 4ª maior hidrelétrica do mundo, as moradoras dessas vilas conviveram durante quase 30 anos com esse inconveniente vizinho sem usufruir de um wattzinho sequer.

A estrada passa por cima da barragem de Tucuruí; os vertedouros quase sempre estão fechados, mas a visão mesmo assim impressiona.

Dormimos na Vila da Eletronorte, um bairro muito diferente do restante da cidade (imaginem aqueles subúrbios bucólicos dos filmes estadunidenses, e acrescentem a informação de que lá ninguém paga eletricidade). Fica perto da saída para seguir viagem, e isso era uma vantagem para nós. Duas irmãs que cozinham comida típica paraense para vender nas feiras de rua, nos abrigaram pela noite. Quando caminhávamos para a casa delas, a filha de uma delas nos disse: “A economia da cidade hoje é só comércio e Eletronorte”. A marca da empresa pública que controla a usina de Tucuruí é realmente visível em todos os lugares, e na vila mais ainda.

Chegamos no meio da “Semana do Meio Ambiente” promovida pela empresa, com palestras, oficinas, atividades de recreação infantil e educação ambiental, e uma quermesse que acontece no pátio da igreja da vila durante todos os fins de semana de junho. Era a Eletronorte promovendo a conscientização da população, porque cuidar do meio ambiente só depende de você. Havia barraquinhas de comida (quermesse paraense tem vatapá e maniçoba), bandeirinhas, e imensas caixas de som mandando ver no Luan Santana e no tchum-tchá-tchá-tchum, mas também no brega, no tecnobrega, nas bandas do boi de Parintins como o Carrapicho, no carimbó e nos grupos paraenses de funk e forró. O mercado da produção musical no Pará deve estar muito vigoroso desde que o tecnobrega reinventou e horizontalizou as estruturas de gravação e distribuição por aqui.

Distante da festa, uma fanfarra de rua parecida com a nossa bateria autônoma, a Fanfarra do M.A.L. – Movimento Autônomo Libertário – ensaiava seus toques. Era uma moçada de escola, adolescente, que mandava muito bem. Não deu pra filmar.

O segundo dia foi talvez mais cansativo, mas também menos cheio de acontecimentos. De Tucuruí se pega uma estradinha por 80 km até que se alcança a Transamazônica na cidade de Novo Repartimento. Temíamos que o dia fosse muito devagar, por estar bem no meio do feriado, mas tivemos sorte em encontrar caronas bem diretas e felizmente às 19h já estávamos todas em Altamira.

Não pegamos nenhum trecho transamazônico enlameado, só muito buraco e poeira. É meio duro e árido viajar por lá. A gente definitivamente não se sente no meio de uma floresta equatorial. Às vezes os quatrocentos quilômetros que separam Repartimento de Altamira parecem infinitos. Nós os percorremos em oito horas, que poderiam ser mais se tivéssemos tido menos sorte. Não desanimem nessas horas finais, essa aridez passa e a proximidade com o rio Xingu acolhe!

Ao longo da Transamazônica é possível ver as entradas dos travessões, que são as vicinais da rodovia. Vejam no mapa esse formato de “espinha de peixe” da estrada. Dá pra reparar na maneira com que os travessões funcionam como as portas pelas quais esse movimento de “colonização” da Amazônia vai se infiltrando na floresta.

Antes de Altamira estão as cidades de Pacajá e Anapu. Esta última foi a morada de irmã Dorothy durante todos os anos em que ela trabalhou aqui na Amazônia, e lá ainda funciona o seu PDS – Projeto de Desenvolvimento Sustentável – que, criando condições de autonomia para os agricultores da região, enfureceu os mandantes do seu assassinato.

Muitos quilômetros depois de Anapu, começam a aparecer plaquinhas da Norte Energia indicando a desapropriação de alguns terrenos ou a realização de obras de preparação da usina.

Para chegar em Altamira, a Transamazônica atravessa o rio Xingu. Não há ponte. A travessia é feita numa balsa, que ultimamente anda sobrecarregada de veículos nos “horários de pico”. Ouve-se a queixa de que o fluxo de gente e de máquinas cresce mês a mês, e de que começa a haver fila para a balsa.

Nesse ponto é que vemos pela primeira vez o rio Xingu.

A comunidadezinha onde a balsa se localiza – bastante desolada pra quem vê – se chama Belo Monte. Do lado de lá ainda é Anapu, e do lado de cá começa o município de Vitória do Xingu, de onde faltam apenas setenta quilômetros para Altamira. Da balsa até a comunidade de Santo Antônio (que ainda faz parte de Vitória) são vinte, e de lá ao centro de Altamira são mais cinquenta. A Vila de Santo Antônio é o ponto J do mapa.

Dá pra ver, à direita da estrada, o campo de futebol onde vai estar rolando o encontro.

Chegando aqui em Altamira fomos recebidos na sede do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, todos muito solícitos e atarefados com os mil preparativos do Xingu+23. Estamos alojados com jornalistas, fotógrafos e ativistas da causa, compartilhando uma cozinha coletiva, salas e varandas cheias de redes e muita motivação. O assunto é quase que um só: articulação, realização e divulgação do encontro, idéias de todo tipo tomando as formas mais inusitadas.

Hoje, sábado,o dia foi mais tranquilo. Alguns de nós passamos a tarde escrevendo textos, subindo fotos, respondendo e-mails e desenhando cartazes; outros visitaram a Vila de Santo Antônio e viram de perto o estrago da Norte Energia acompanhados de moradores locais. E, no começo da noite, ainda rolou uma reunião.

Agora escrevemos esse relato e encerramos nosso “horário comercial” aqui no Pará. Quem sabe role um forró noite adentro… Nos vemos logo logo!