Archive for: outubro 2011

Aula aberta

Hoje (26), no AcampaSampa, teremos a presença do filósofo e professor da USP Vladimir Safatle, que às 19 horas ministrará a aula aberta Primaveras, Políticas e Estados.

Para dar um gostinho do que vem por ai, deixamos aqui um texto que Vladimir Safatle escreveu em sua coluna semanal no jornal Folha de São Paulo.

 

Eles sabem o que fazem

Um dos mantras preferidos daqueles que chegam aos 40 anos é: os jovens de hoje não têm grandes ideais, eles não sabem o que fazem.

Há algo cômico em comentários dessa natureza, pois os que tinham 18 anos no início dos anos 90 sabem muito bem como nossas maiores preocupações eram: encontrar uma boa rave em Maresias (SP), aprender a comer sushi e empregar-se em uma agência de publicidade. Ou seja, esses que falam dos jovens atuais foram, na maioria das vezes, jovens que não tiveram muito o que colocar na balança.

Por isso, devemos olhar com admiração o que jovens de todo o mundo fizeram em 2011.

Em Túnis, Cairo, Tel Aviv, Santiago, Madri, Roma, Atenas, Londres e, agora, Nova York, eles foram às ruas levantar pautas extremamente precisas e conscientes: o esgotamento da democracia parlamentar e a necessidade de criar uma democracia real, a deterioração dos serviços públicos e a exigência de um Estado com forte poder de luta contra a fratura social, a submissão do sistema financeiro a um profundo controle capaz de nos tirar desse nosso “capitalismo de espoliação”.

Mas, mesmo assim, boa parte da imprensa mundial gosta de transformá-los em caricaturas, em sonhadores vazios sem a dimensão concreta dos problemas. Como se esses arautos da ordem tivessem alguma ideia realmente sensata de como sair da crise atual.

Na verdade, eles nem sequer têm ideia de quais são os verdadeiros problemas, já que preferem, por exemplo, nos levar a crer que a crise grega não seria o resultado da desregulamentação do sistema financeiro e de seus ataques especulativos, mas da corrupção e da “gastança” pública.

Nesse sentido, nada mais inteligente do que uma das pautas-chave do movimento “Ocupe Wall Street”. Ao serem questionado sobre o que querem, muito jovens respondem: “Queremos discutir”.

Pois trata-se de dizer que, após décadas da repetição compulsiva de esquemas liberais de análise socioeconômica, não sabemos mais pensar e usar a radicalidade do pensamento para questionar pressupostos, reconstruir problemas, recolocar hipóteses na mesa. O que esses jovens entenderam é: para encontrar uma verdadeira saída, devemos primeiro destruir as pseudocertezas que limitam a produtividade do pensamento. Quem não pensa contra si nunca ultrapassará os problemas nos quais se enredou.

Isso é o que alguns realmente temem: que os jovens aprendam a força da crítica. Quando perguntam “Afinal, o que vocês querem?”, é só para dizer, após ouvir a resposta: “Mas vocês estão loucos”.

Porém toda grande ideia apareceu, aos que temem o futuro, como loucura. Por isso, deixemos os jovens pensarem. Eles sabem o que fazem.

Ação direta

Ontem integrantes do AcampaSampa colocaram o governador de São Paulo, Geraldo Alckimin, na parede em uma ação direta após a pré-estreia  do filme “Tancredo – A Travessia”, do cineasta Silvio Tendler.

Quando estava saindo do filme, no Shopping Bourbon, localizado na zona oeste de São Paulo, Alckimin foi abordado por integrantes do AcampaSampa, e deu a entender que não sabia da existência do nosso movimento (será?).

O tucano ficou embaraçado quando deu de cara com manifestantes, que levavam cartazes e gritavam frases como “o povo unido governa sem partido” e “não nos representa”.

[youtube]FOLFEdbti_8[/youtube]

 

 

Mensagem de Apoio da Acampada Salamanca

|| A TRADUÇÃO SEGUE ABAIXO DA MENSAGEM ORIGINAL ||

 

Estimados compañerxs: Os escribimos desde Salamanca, una ciudad universitaria de menos de 160.000 habitantes en la que el movimiento social 15M se ha incorporado en nuestras vidas. El movimiento, surgido el 15 de Mayo de este año, fue una ráfaga de aire fresco en nuestro panorama político que era cada vez más desolador y menos democrático, donde la participación en la política por parte del ciudadano se basaba a votar a un partido cada cuatro años, un partido que nunca cumplía con su programa y, por el cual, los ciudadanos nos sentíamos ajenos a la vida política. En un contexto de crisis, de muchos prejuicios creados por parte de los medios de comunicación masivos y, en general, de una gran desinformación política, económica y social; un movimiento social se expandió por más de 300 acampadas de todo el mundo. Manifestaciones masivas, colaboración por parte de desconocidos, trabajo, lucha común. Eso es el 15M. Las claves del éxito del movimiento fueron claras: era un movimiento en un contexto de crisis económica y, por supuesto, era un movimiento apartidista y asindicalista por lo que ningún ciudadano se sentía excluido. Sólo era necesario un requisito: estar indignado. Indignado con la dictadura de los mercados, con el sistema electoral y con la corrupción de aquellos quienes nos gobiernan. En las redes sociales, el grito era claro “No usamos banderas, porque las banderas nos separan. Es más fuerte lo que nos une que lo que nos separa, por eso estamos juntos”. De la misma manera nos negamos a crear un partido político, porque con este sistema electoral los partidos políticos no nos representan y no queremos entrar en su juego. Es un movimiento asambleario, de la calle. Un órgano de presión, si lo preferís. Somos personas anónimas que trabajamos altruistamente, no queremos llevarnos méritos ni tener compensaciones de ningún tipo. Sólo pedimos ser escuchados. El apartidismo es nuestra seña, las manos nuestras armas y el altruismo nuestro símbolo. Por eso animamos a nuestros compañerxs indignadxs de São Paulo que hagan lo mismo, que luchen por una población unida, donde las banderas no importan y los partidos políticos sólo separan. Porque un 15M con bandera no es nuestro movimiento. Un abrazo y mucha suerte, Firmado, Acampada Salamanca.

|| TRADUÇÃO ||

Estimadas companheirxs:

Escrevemos a vocês aqui de Salamanca, uma cidade universitária com menos de 160 mil habitantes onde o movimento social 15M se incorporou em nossas vidas. O movimento, surgido em 15 de maio deste ano, foi uma lufada de ar fresco em nosso panorama político, que era cada vez mais desolador e menos democrático; onde a participação do cidadão na política consistia em votar em um partido a cada quatro anos — um partido que nunca cumpria seu programa e, assim, os cidadãos nos sentíamos alheios à vida política.

Em um contexto de crise, de muitos preconceitos criados pela mídia e, em geral, de uma grande desinformação política, econômica e social, esse movimento social se expandiu por mais de 300 acampadas no mundo inteiro. Manifestações massivas, colaboração por parte de desconhecidos, trabalho, luta comum. Isso é o 15M.

As chaves do êxito do movimento foram claras: era um movimento em um contexto de crise econômica e, sem dúvida, era um movimento apartidário e assindicalista, de maneira que nenhum cidadão se sentia excluído. Apenas era necessário um requisito: estar indignado. Indignado com a ditadura dos mercados, com o sistema eleitoral e com a corrupção daqueles que nos governam. Nas redes sociais, o grito era claro: “Não usamos bandeiras, porque as bandeiras nos separam. É mais forte aquilo que nos une do que aquilo que nos separa, por isso estamos juntos”. Da mesma forma nos negamos a criar um partido político, porque com este sistema eleitoral os partidos políticos não nos representam e não queremos entrar em seu jogo. É um movimento assembleário, da rua. É um órgão de pressão, se preferirem. Somos pessoas anônimas que trabalham de maneira altruísta; não queremos levar mérito nem obter compensações de nenhum tipo. Apenas demandamos ser escutados. O apartidarismo é o nosso signo, as mãos são nossas armas e o altruísmo é o nosso símbolo.

Por isso animamos os nossos companheirxs indignadxs de São Paulo para que façam o mesmo: que lutem por uma população unida, onde as bandeiras não importam e os partidos políticos só separam. Porque um 15M com bandeira não é o nosso movimento.

Um abraço e muita sorte,

Assinado
Acampada Salamanca

 

AULA ABERTA, QUARTA, 26/10, 19H

Quarta-feira-26/10/2011 às 19h:

AULA ABERTA COM VLADMIR SAFATLE (Faculdade de Filosofia, FFLCH/USP) PRIMAVERAS, POLÍTICAS E ESTADOS, NO #ACAMPASAMPA SOB O VIADUTO DO CHÁ

Grupo de estudo sobre megaeventos

Daqui a pouco vai começar um grupo de estudo sobre megaeventos.

O Brasil será sede das Olimpíadas e da Copa do Mundo, e já podemos sentir os efeitos disso: isenções fiscais, afrouxamento de leis e pessoas sendo desalojadas. Vamos aguentar essa situação? Venha discutir com a gente.

faixas

Contrariando decisão da juiza Simone Lemos, policiais da Guarda Civil Metropolitana estão neste momento no acampamento, e pretendem tirar as nossas faixas.

Essa ação vai contra decisão expedida pela juiza no dia 20 de outubro, onde, dentre outras coisas, pode-se ler:

Defiro parcialmente a medida liminar tão somente para, verificada a reunião de pessoas em espaço público tal qual permitido pela Constituição Federal, de modo pacífico e sem uso de armamentos de qualquer espécie, autorizar o uso de escritos, cartazes ou afins, impedindo a autoridade coatora de proceder ao recolhimento de ditos materiais.

3 mil policiais ensaiam no Vale do Anhangabaú

Neste momento (seg pela manhã) está acontecendo o ensaio de formatura com 3.000 soldados da polícia militar.

 

Mais fotos em: http://www.flickr.com/photos/janelinha/sets/72157627967538902/

"Eu não quero me matar" – Dona Cida

Só sairemos daqui quando a história de milhares de Dona Cidas forem transformadas.

[youtube=XhA6cC1-T-o]

Atualização da lista de necessidades

https://ocupasampa.milharal.org/necessidades/

Novos itens na lista de necesssidades:

+ Serrote
+ Bambu
+ Fita Adesiva
+ Lona
+ Barraca

Juíza defere parcialmente mandado de segurança de manifestantes da Ocupa São Paulo

A juíza Simone Leme deferiu parcialmente o mandado de segurança impetrado pelos manifestantes do movimento Ocupa São Paulo/ 15.O.SP/ Democracia Real Já. A decisão autoriza o uso de cartazes e faixas (que estavam sendo arrancados sob a alegação esdrúxula de violar a lei do Cidade Limpa). No entanto, a decisão não reconheceu o direito dos manifestantes acamparem. Abaixo segue o documento com o despacho da juíza. É muito importante que as pessoas carregarem uma cópia consigo em
caso de abuso da ação policial.

Abra o pdf do despacho LIMINAR CONCEDIDA parcialmente aqui!