Multidão e organização
Nossa situação: capitalismo global
Novidade histórica: presença do capitalismo por toda parte; pela primeira vez na história, o modo de organização da vida dos seres humanos é a mesma por todo o globo (prof. Francisco Alambert).
Quais as implicações disso? Força do capital, evidentemente; tanto no que se refere à organização da vida econômica, lógica da mercadoria, mercantilização, quanto (nos últimos tempos de maneira explícita até no centro) no que se refere à vida política. Neste último aspecto, vale frisar que a capitalismo tem perpetrado golpes, derrubando descaradamente governos que (pior que fossem) tinham sido eleitos: Grécia, Itália. Incompatibilidade entre capitalismo e democracia (até mesmo a formal: Sarkozy indignado com proposta de referendo na Grécia).
Entretanto, precisamos ver as coisas por outro lado também. O capitalismo está por toda parte, mas também por toda parte ele é questionado; por toda parte o estado atual de coisas é acantoado por forças diversas: Chile, Europa, EUA, Israel, países árabes (em certa medida), aqui no Brasil. É como se certas estruturas que permitiram a ascensão do capitalismo global e permitem o seu funcionamento também permitissem a sua crítica generalizada. Não quero dizer que todos se ponham a combater o capitalismo, mas que vozes diversas, em vários países, se põem a questionar, colocam em suspeita o estado de coisas vigente. Já é muito. E é interessante notar que tais protestos e suspeitas são totais, contra o sistema em sua totalidade, e globais.
Em suma, o capitalismo global, talvez por sua própria organização, permite o surgimento do anticapitalismo ou do não-capitalismo, especialmente (o que interessa aqui) na figura de um novo sujeito coletivo: multidão.