Category: Ocupa

PMs no Anhangabaú

Neste momento, cerca de três mil policiais militares estão realizando sua formatura aqui do nosso lado, no largo do Anhangabú.

Para o evento, nosso acampamento foi cercado por grades de ferro, mas nós não nos calamos. Demos um alto e claro “Não nos representa” de presente ao governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que obviamente está presente para prestigiar a sua tão bem treinada polícia, que atuará discriminando a população mais pobre e garantindo que os mais ricos e poderosos continuem deitados em berço esplêndido.

Também levantamos vários cartazes, como pela abertura dos arquivos da ditadura militar e lembrando aos policiais de que eles também fazem parte dos 99%.

Algumas fotos:

 

 

 

 

Mais fotos em:
http://www.flickr.com/photos/janelinha/sets/72157628022145740/
http://www.facebook.com/media/set/?set=a.111358512309005.16158.100003045700125&type=3

Lista de necessidades atualizada

Nós do ocupa sampa gostaríamos de agradecer a todos e todas que doaram alimentos ou objetos ao acampamento.
Desde sabádo, dia 15 de outubro, recebemos muitas pessoas dispostas a doarem seu tempo ou algumas coisas que não lhe farão falta ao acampamento e para nós isso demonstra a importância de nossas bandeiras e a urgência de se construir a democracia real no Brasil.

Se você está a fim de doar alguma coisa, dê uma olhada na nossa lista de necessidades, e não pense duas vezes antes de vir aqui embaixo do Viaduto do Chá, conversar, debater, nos conhecer e curtir um som. Construindo coletivamente o Acampa Sampa. Lembrando que não recebemos doações em dinheiro — este é um príncipio de nosso movimento.

Doações são sempre bem vindas. Traga algo, aproveite para trocar umas ideias e esclarecer dúvidas, com certeza você tem motivos de sobra para ir e ficar. Aqui nós temos voz!

Lista de algumas coisas que estamos precisando:

Última atualização: 29/10 22:00

Dúvidas ligar para 11 4114-0525

GERAL

– traga suas camisetas neste domingo para estampá-la! :)
– bambu
– barbantes
– barracas, cobertores e isolantes térmicos para camping
– cartolinas
– extensões e benjamins (T)
– fitas adesivas largas
– livros, revistas etc. (para a biblioteca)
– lata de lixo
– lona preta
– roupas, meias, calçados, roupas íntimas
– walkie-talkie – rádio
– tinta para pintura
– tinta spray (preto, de preferência)
– pilhas AA
– pilha alcalina  D  (muitas – para megafones)
– grampeador de pressão (pode ser emprestado)

COZINHA / ALIMENTAÇÃO

– açúcar
– botijão de gás, mangueira e válvula
– leite
pão URGENTE
– achocolatado em pó
– água mineral (galão de 20 litros) URGENTE
– armário fechado para a dispensa
– batata
– bolachas
– caixa plástica grande
– colher de pau
– detergente
– enlatados (milho, ervilha, etc)
– esponja de aço
– facas boas para cozinha
– feijão
– fogão industrial 2 bocas
– frutas URGENTE
– verduras
– legumes (beringela, abobrinha e abóbora — são mais fáceis de cozinhar por aqui)
– hortaliças
– ovos
– liquidificador
– manteiga / margarina URGENTE
– massa de bolo
– molho de Tomate
– óleo URGENTE
– panela de pressão
– pano de prato
– saco de lixo
– temperos
– vinagre URGENTE
– farinha de trigo

Não precisamos nesse fim de semana de batata e cebola (recebemos uma grande doação)

Obs.: Não trazer carne. (difícil conservação)

FARMÁCIA / MEDICAMENTOS

– anti-inflamatório
– curativos (band-aid)
– escovas de dentes
– luva médica
– pasta de dente
– sabonetes, xampus, etc
– relaxante muscular
– remédio para gripe
– vitamina C

MÍDIA

– HD externo URGENTE!
– internet 3g URGENTE!
– cabo p10 para microfone
– computador com entrada fire wire
– data show
– microfone

Coluna Do Leitor – Sobre A Ocupação Do Anhangabaú

Em 15 de outubro de 2011, atendendo ao chamado global de mobilização puxado por indignados de todo o mundo, me uni ao que na época era um pequeno grupo que ocupou o vale do Anhangabaú em São Paulo, mais precisamente a área em baixo do viaduto do chá. Estamos acampados a mais de 10 dias e não somos mais tão poucos. Somos muitos e muito plurais. Somos punks, índios, anons, moradores de rua, estudantes, trabalhadores, professores, permacultores e muito mais do que isso.

[youtube]t-swiZ6XqtU[/youtube]

Nosso movimento tem sido visto com certa desconfiança, pois não nos enquadramos direito em antigos padrões da esquerda. Tal desconfiança se traduz na nossa proposital dificuldade em responder certas perguntas como: “por que nos unimos?”, “por que aqui e agora?” e “aonde pretendemos chegar?”. Neste texto não pretendo responder a tais perguntas, mas arriscar uma explicação de porque temos tanta dificuldade em respondê-las.

Não custa mais uma vez repetir que este texto corresponde à minha visão como alguém que vivenciou a acampada, conversou e aprendeu com diversos outros tantos acampados por mais de uma semana, mas que de maneira nenhuma pretende representar a opinião destes.

Nosso movimento é bastante plural e, apesar de termos um manifesto consensuado, nossas pautas são muito amplas e difusas para servir de explicação sobre os principais motivos de porque nos unimos. Isso é muitas vezes colocado em forma de crítica: como um movimento pode sobreviver se não tem pautas firmes comuns? Ao meu ver o motivo real que nos une nos fornece uma excelente pista para responder a essa pergunta.

Compreendo que o que nos une, não só nós em São Paulo, mas também no movimento em Wall street, em Madri e em diversos outros pelo mundo, é uma insatisfação com a estrutura da representação política. Assim, me parece que nossa dificuldade em elaborar reivindicações claras é consistente com nossa principal bandeira “democracia real/direta”. Não estamos firmes em nossas reivindicações porque no fundo sabemos que não é uma questão de reivindicar (pra quem reivindicamos se esses não nos representam?), mas de construir todo um novo sistema. Dessa forma, é muito mais consistente que nossas pautas sejam construídas e reconstruídas constante e coletivamente. Isso não significa, porém, que não estamos firmes em certos princípios. Nos enxergamos claramente como um grupo anti-capitalista, apartidário, não-violento, cujas decisões são tomadas de forma dialógica por consenso e que busca a democracia real/direta.

A segunda pergunta também costuma chegar em tom de crítica: não há crise no Brasil agora, logo não há contexto e, portanto, o movimento não deverá durar. Primeiro, não é verdade que não há contexto, o movimento se insere tanto em um contexto internacional de lutas (Espanha, Grécia, Egito, Nova Iorque etc.) como em um contexto local (diversas marchas contra o aumento da tarifa de ônibus, marcha da maconha, marcha da liberdade etc.). Em relação a não estarmos em crise, compreendo que isso é mais uma benção do que uma maldição. A maioria dos movimentos de esquerda até hoje tenderam a ser reativos, ou seja, uma resposta a algum tipo de crise. O fato de nosso movimento não ser reativo, mas construtivo, o abre para uma infinidade de novas possibilidades. Um movimento construtivo não precisa ter pressa para dar respostas. Um movimento construtivo não é necessariamente pautado por um determinado contexto que uma vez mudado dita o fim do movimento. Um movimento construtivo é livre para seguir seu próprio rumo em seu próprio tempo. “Ele não tem limites, não começou aqui e agora e vai terminar ali e mais tarde. É exatamente o que não se constitui nem tem contornos e, assim, incomoda e agride o poder constituído. Ele não tem um dentro, um o que somos e o que queremos. O movimento já está fora, já nasceu como um fora. Ele é a própria membrana entre dentro e fora.”

Algumas vezes somos confundidos com movimentos direitistas contra a corrupção. Evidentemente que somos contra corrupção, mas esse tema nem surge em nossos manifestos ou meios de divulgação. Quando gritamos “Não nos representam!” não é que um ou outro político não nos representa, mas que o sistema político não é capaz de nos representar. Soma-se a isso a compreensão de que a corrupção é inerente ao sistema capitalista, ela é apenas uma face do capitalismo mais frequente em países periféricos. Dessa forma, a luta contra a corrupção entra somente como efeito colateral daquilo pelo que lutamos.

De forma alguma acredito que buscamos solucionar questões pontuais do capitalismo. Muito pelo contrário. Brandamos por democracia direta/real. Nossa concepção de democracia direta, apesar de difusa, certamente não é reformista. Buscamos uma mudança profunda na forma de representação política e temos consciência de que isso é impossível dentro do sistema vigente. Neste sentido, compreendo tal movimento construtivo como muito mais radical do que qualquer movimento pautado em determinada crise pontual.

Por fim, não acredito que precisamos ter um objetivo fixo, pois este está sendo construído no próprio movimento. Esse é um excelente indício de que estamos indo na direção do que quer que compreendemos por democracia real. A partir do momento em que nos tornarmos previsíveis seremos presas fáceis frente ao sistema.

Há quem diga que somos lunáticos lutando contra tudo e contra todos. Acho mais honesto dizer que lutamos contra tudo e, se não com todos, com 99%. Estamos decretando o fim do fim da história. Estamos fabricando tinta vermelha.

[youtube]CyVxefKNx3E[/youtube]—-

Marcio Moretto Ribeiro (@marciomoretto) é doutor em ciências da computação pela USP, pós-doutorando em lógica pela Unicamp e indigesto por parentesco. Esteve acampado durante os últimos dias no Vale do Anhangabaú (@AcampaSampa) e compartilha aqui suas primeiras considerações.

Publicado em: http://www.misturaindigesta.com.br/2011/10/coluna-do-leitor-sobre-ocupacao-do.html

Lista de necessidades atualizada

+ gasolina (para gerador) urgente!
+ escova de dentes
+ tinta para silk screen

Lista completa

Câmara dos Veredores discutirá abusos cometidos pela GCM e PM contra Ocupa Sampa

Hoje, dia 27 de outubro, às 13h30, na sala “Sérgio Vieira de Mello”, no 1º subsolo, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Vereadores discutirá o ofício do CONDEPE (Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) denunciando abusos e excessos cometidos contra integrantes do movimento “Ocupa Sampa” pela Guarda Civil e pela Polícia Militar.

CONVIDAMOS TODXS A COMPARECER À DISCUSSÃO PARA PAUTAR ADEQUADAMENTE A COMISSÃO.

A Câmara fica no Viaduto Jacareí, 100 – Bela Vista.

A Veja não nos representa

O grupo que ocupa o Vale do Anhangabaú desde o último dia 15 de outubro para se manifestar contra o sistema político-econômico vigente recebeu com indignação a matéria de capa da edição de 26 de outubro da revista Veja. A matéria “Dez motivos para se indignar com a corrupção” demonstra mais uma vez a tendência conservadora do conselho editorial do grupo Abril, e sua prática de manipulação da informação pelo método de omissão e ênfase. A manipulação de símbolos é flagrante, por exemplo com o uso descontextualizado da imagem da máscara de Guido Fawkes, que se tornou símbolo dos levantes anticapitalistas no mundo todo, visando canalizar a insatisfação dos 99% da população para as pautas que interessam ao privilegiado grupo econômico da qual a publicação é porta-voz: o empresariado, sobretudo paulista.

É inegável que os movimentos autônomos que convergem em acampadas em cidades como Belém, Salvador, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, em consonância com os levantes internacionais, condenam qualquer forma de corrupção. Entretanto aquilo contra o qual lutamos é uma doença muito maior, a corrupção é apenas um de seus desagradáveis sintomas (ver Manifesto da ocupação paulista, em anexo). A revista Veja usa suas páginas para atacar o Governo Federal e fazer “oposição” de Direita. Combater a corrupção como se fosse causa e não consequência é alimentar o mal ou, para dizer o mínimo, enxugar gelo. O sistema político vigente, as regras do jogo em si, é que propiciam, senão incentivam práticas de corrupção.

Mas para além do desvio de dinheiro público por debaixo dos panos, existe outras formas de alocação de recursos públicos para interesses privados, como no caso da construção da usina de Belo Monte, que terá 80% do seu custo de R$ 30 Bilhões bancado com dinheiro público, mesmo que os únicos beneficiados com a obra sejam as empreiteiras e as empresas estrangeiras que exploram o alumínio na região Norte. Apenas 10% desse alumínio fica no Brasil; quanto aos lucros, a maior parte fica nas mãos dessas corporações transnacionais e de uma pequena elite política brasileira. Sobram para os brasileiros apenas a conta para pagar, e o sofrimento causado pelos impactos sociais e ambientais.

Outro modo de apropriação do Estado pelo interesse particular é a aprovação de leis como o novo Código Florestal, que tem sido tocado como o rolo compressor da bancada ruralista. O prejuízo ambiental será de todos, uma vez que todos terão menos oxigênio, nascentes de rios e biodiversidade. Enquanto os exportadores de soja, milho e cana, mais dinheiro em suas contas.

As acampadas anticapitalistas como a ocupação do Viaduto do Chá apelidada provisóriamente como Acampa Sampa contestam o sistema de Democracia Representativa, por entender que o povo tem o direito de participar diretamente da discussão e decisão políticas. Constatamos que os políticos não nos representam. Uma vez eleitos, representam apenas a seus próprios interesses e o daqueles que financiam suas campanhas.

Entretanto é importante notar que o que Veja propõe não é uma transformação política que impeça tais práticas, mas ao contrário, gostaria de ver os magnatas da indústria e comércio, marcadamente associadas a PSDB e DEM no comando do Estado para arbitrar tanto quanto as elites agrárias às quais o atual governo petista se aliou.

Essa postura é evidenciada pelo fato de que a revista dá voz à Fiesp, mas não entrevistou sequer um dos participantes dos movimentos de “indignados” das ocupações públicas. A revista, que dá ênfase à corrupção no atual governo federal, não retoma os escândalos dos governos passados e apresenta propostas extremamente neoliberais como remédio para a corrupção. Veja chega colocar no mesmo balaio dos corruptos, também aposentados, pensionistas e pessoas que recebem bolsas do governo. O que Veja quer é defender a diminuição de gastos sociais e a demissão de miliares de funcionários públicos e diminuir a carga tributária paga por seus patrocinadores.

Veja tenta confundir o leitor, fazendo parecer que a sua luta específica contra o Governo Dilma e a favor dos empresários é a luta dos acampamentos de indignados. A Veja não nos representa. Nossa luta não é simplesmente contra o governo Dilma. Nossa luta é contra o Capital e os governos de um modo geral. Queremos a mudança do sistema e a transição para uma sociedade em que todos tenham vez e voz. Nossa luta é também contra os governos estaduais e municipais do bloco político sustentado pelo grupo Abril.

Nossa luta por Democracia Real é também uma luta contra empresas de comunicação manipuladoras do processo político, como a própria Veja. Enquanto houver essa democracia indireta e o capitalismo selvagem, haverá corrupção.

Não queremos um estado reduzido para ver o poder ainda mais concentrado nas mãos de empresários. Queremos o poder nas mãos do povo, e o povo plenamente livre, decidindo junto os destinos de suas comunidades. É por isso que não concordamos com qualquer reforma política que sirva para manter e aumentar o poder daqueles que já concentram poder, queremos a transformação completa do sistema.

Discordamos também quando a revista afirma que o Brasil não está em uma situação tão grave quanto a dos países europeus que enfrentam a crise do capital. O que acontece é que o Brasil se acostumou com a crise e com as suas gritantes contradições. Basta olhar a situação dos sem-teto, dos sem-hospital, dos sem-escola, dos sem voz em nosso país para ver que a situação do Brasil que cresce, cresce para poucos. Chegamos a essa situação não simplesmente por causa da corrupção, mas pela exploração do homem pelo homem que já dura mais de cinco séculos.

faixas

Contrariando decisão da juiza Simone Lemos, policiais da Guarda Civil Metropolitana estão neste momento no acampamento, e pretendem tirar as nossas faixas.

Essa ação vai contra decisão expedida pela juiza no dia 20 de outubro, onde, dentre outras coisas, pode-se ler:

Defiro parcialmente a medida liminar tão somente para, verificada a reunião de pessoas em espaço público tal qual permitido pela Constituição Federal, de modo pacífico e sem uso de armamentos de qualquer espécie, autorizar o uso de escritos, cartazes ou afins, impedindo a autoridade coatora de proceder ao recolhimento de ditos materiais.

3 mil policiais ensaiam no Vale do Anhangabaú

Neste momento (seg pela manhã) está acontecendo o ensaio de formatura com 3.000 soldados da polícia militar.

 

Mais fotos em: http://www.flickr.com/photos/janelinha/sets/72157627967538902/

"Eu não quero me matar" – Dona Cida

Só sairemos daqui quando a história de milhares de Dona Cidas forem transformadas.

[youtube=XhA6cC1-T-o]

Atualização da lista de necessidades

https://ocupasampa.milharal.org/necessidades/

Novos itens na lista de necesssidades:

+ Serrote
+ Bambu
+ Fita Adesiva
+ Lona
+ Barraca