A Av. Paulista é chamada de coração de São Paulo porque ela nunca dorme. De dia ou de noite, pessoas caminham, @s skatistas e patinador@s se divertem e as apresentações culturais estão por todos os lados.
Porém, a maior parte dos seus espaços está tomada por carros e veículos motorizados. As bicicletas ainda são uma minoria que tem que disputar o espaço acirradamente com os carros. Nela, a pressa e a imprudência dos motores dão lugar às tragédias como a que tirou a vida da ciclista e ativista Márcia Prado.
Nela, os casarões dos Barões do Café deram lugar aos escritórios que controlam e financiam as operações das indústrias que fabricam(e importam) os automóveis e suas peças. Tornaram o grande cartão postal de São Paulo em um lugar sem pessoas. A avenida de hoje é apenas uma foto aérea de antenas e carros.
A sociedade do automóvel quer ser inquestionável. A publicidade paga pelas montadoras torna a cidade apenas um emaranhado de latas de aço trafegando por todos os lados(mesmo que você não consiga chegar em nenhum lugar). A publicidade quer que você troque de carro todos os anos (e esconde toda a destruição ambiental provocada pelas siderurgias e pelas construção de hidrelétricas). Tenta esconder tudo o que não se transforme em lucro nos bolsos dos banqueiros e industriais.
Para deixar de ser invisíveis, os ciclistas começaram a se encontrar ali, em um movimento que nasceu no Brasil dentro dos protestos anti-globalização do final da década de 90 e depois ganhou autonomia, acontecendo em sintonia com São Francisco e outras centenas de cidades do planeta, mantendo características de horizontalidade e ausência de líderes ou representantes formais. No lugar propagandeado como lugar dos automóveis. No meio do trânsito que é também propagandeado como o trânsito dos automóveis.
As bicicletadas começaram a acontecer em toda última sexta-feira do mês. Começou-se a organizar o Dia Mundial Sem Carro e a Pedalada Pelada. Fez-se Ciclocinemas, ciclozines e cartazes que diziam: “Nós somos o trânsito.” Batizou-se popularmente esse lugar do encontro como a Praça do Ciclista.
A luta deu frutos e hoje, é reconhecido oficialmente o nome do batismo popular “Pça do Ciclista” (ainda que entendemos que ela deveria se chamar “d@ ciclista” ou “do e da ciclista”).
A bicicleta, no entanto, continua marginalizada como meio de transporte. O respeito aos ciclistas ainda que crescente, está longe de ser ideal. O transporte público continua caro e caótico (Conforme aprendemos com as manifestações do Movimento Passe-Livre que se concentram na Pça do Ciclista). A sociedade do automóvel está vencendo.
Por isso, estamos ocupando a AVENIDA PAULISTA. Para dar visibilidade ao que representa toda a luta que acompanha a construção da Praça do Ciclista. Para dar visibilidade à uma outra sociedade, que estamos construindo ao pedalar, ao fazer assembleias, ao conversar e ao compartilhar nossas ideias, ideais e sonhos.
Assim como a Praça do Ciclista nasceu do encontro de pessoas que desejavam transformar a realidade em favor da convivência e de maneiras mais inteligentes de locomoção na cidade e, para isso, botaram a “mão na massa” para construir essa realidade, os movimentos de ocupação que agora acontecem em várias cidades do mundo também propõem a retomada da possibilidade dos cidadãos construirem suas cidades e interferirem nos rumos de seus países.
Por isso, convidamos a tod@s: Venha ocupar!
[Links]
http://bicicletada.org/marciaprado
Olá! Já há alguma programação para hoje?
Seria mais fácil exigir a construção de mais ciclovias, e não disputar a tapa o espaço que já é dos automotores. Em Brasília, Curitiba, RJ e outras cidades isso já é uma realidade.
Mas como o objetivo parece ser criar um auê, tipo a Ocupação da USP da galera do PSOL/PSTU/PCO, pra ganhar visibilidade … vale tudo.
Espero que a Larissa dos dois últimos comentários tenha realmente esse nome e não tenha aproveitado o último (o meu)para fazer esses comentários.
Poxa, quantas larissas existem aqui???
Mas que esse pessoal está querendo causar sem uma proposta, a isso é verdade!!!
As duas outras Larissas não andam de bicicleta. Isso é fato! Nenhuma das cidades citadas Brasília, Curitiba, RJ possuem um sistema eficiênte de ciclovia. O objetivo não é causar. O objetivo é exigir. Mais do que ciclovia, queremos respeito!
A Av Paulista é, sim, o coração de São Paulo, mas não por nunca dormir – porque ela até dorme, e, nesse ponto, há lugares muito mais efusivos e vivos na cidade – mas por ser o centro do capitalismo brasileiro.
É isto que este movimento precisa sacar: a dimensão simbólica, e concreta, da Paulista. Ela é a nossa Wall Street, sem tirar nem pôr. Penso que isso exige do movimento uma percepção mais clara do fator banco/mercado financeiro para construção de uma cidade segregada, amordaçada, infeliz como sampa. É da Paulista, aliás, que se irradia a maior parte das ideologias e práticas conservadoras/excludentes que ainda vigem as regras do país.
Então, ocupai, acordai: a Paulista não é só um “point” bacana. Ela é o inimigo a ser vencido, conquistado.
Abraços!
Claro que a gente anda de bicicleta, eu pelo menos ando. Se citei exemplo de cidades com ciclovias, é porque existem e são extensas. Mas como o objetivo é usar a galera do ciclismo pra engrossar o OcuPsol …